19 novembro 2002

FELICIDADE REALISTA
Por Mário Quintana


A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o
que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são
ainda mais complexos.

Não basta que a gente esteja sem febre: queremos,
além de saúde, ser magérrimos, sarados,
irresistíveis.

Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a
comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e
uma temporada num spa cinco estrelas.

E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos
alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza
fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar
pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo.Queremos
estar visceralmente apaixonados, queremos ser
surpreendidos por declarações e presentes
inesperados, queremos jantar à luz de velas de
segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário,
queremos ser felizes assim e não de outro jeito. É
o que dá ver tanta televisão.

Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de
uma forma mais realista.

Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo
de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz
com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro,
feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo,
principalmente quando se trata de amor-próprio.

Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa
aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo
juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente
para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a
gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar
segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça,
como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de
criatividade.

Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e
aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar
passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar
sem almejar o eterno.


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